Sobre mim

Dando-me conta que ideias e pensamentos achados e reconhecidos encontrados em livros com o passar do tempo se iam apagando da memória, pois já dizia o Miguel Cervantes em D. Quixote de la Mancha:

a memória é como um cesto roto em que se deita água.

Sabendo disto, criei este blogue com o objectivo de  poder rever e partilhar alguns textos de autores que ao os ler me fizeram pensar, sonhar e/ou reconhecer ideias já em mim existentes, e com isto não deixando-os cair em esquecimento.

Com doce arrepio, eu sentia fluir ao meu encontro, a partir dos livros, o condimentado ar fresco de uma vida que nunca houve sobre a Terra, e todavia existia de facto, e queria agora rebentar as suas ondas e viver os seus destinos no meu coração arrebatado. No meu canto de leitura do quarto do sótão, onde só chegavam o soar das horas do relógio da torre próxima e o bater seco dos bicos das cegonhas que nidificavam ali ao lado, as personagens do Goethe e Shakespeare entravam e saíam. Eu descobri o lado divino e o ridículo do ser humano: o enigma do nosso coração cindido e indómito, a profundidade do ser da história mundial, a poderosa maravilha do espírito que transfigura os nossos curtos dias e, por meio da força do conhecimento, eleva a nossa pobre existência à esfera do necessário e do eterno.

Hermann Hesse, Peter Camenzind

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